quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Atoms for Peace - AMOK

Título: AMOK
Artista: Atoms for Peace
Ano de lançamento: 2013
Gênero: Rock alternativo/experimental/eletrônico
Duração: 44:35


Tracklist:


1. Before Your Very Eyes... (5:47)
2. Default (5:15)
3. Ingenue (4:30)
4. Dropped (4:57)
5. Unless (4:40)
6. Stuck Together Pieces (5:28)
7. Judge, Jury and Executioner (3:28)
8. Reverse Running (5:06)
9. Amok (5:24)


Resolvi dar uma variada e escrever uma resenha de um álbum novinho em folha, caso haja algum leitor antenado, moderno e descolado por aqui!
Nesse caso, o álbum é AMOK, do recém-criado "supergrupo" do vocalista do Radiohead, Thom Yorke. O nome do grupo é Atoms for Peace e a origem de seu nome é de um discurso do Presidente americano Dwight Eisenhower em 1953 à Assembleia Geral das Nações Unidas, proclamando o início de uma "era nuclear", na qual se buscaria a paz nesses termos.
Yorke reuniu nesse grupo o baixista do Red Hot Chilli Peppers, Flea, Nigel Godrich, produtor de longa data do Radiohead, Mauro Refosco, um percussionista brasileiro e Joey Wronker nas baquetas.
Aqueles não acostumados com os sons criados pelo frontman do Radiohead certamente irão estranhar esse denso disco. As músicas seguem o minimalismo pelo qual é conhecido o trabalho solo de Thom Yorke. Em 2006, ele lançara The Eraser, seu primeiro disco solo, uma coleção de músicas com forte influência eletrônica em suas batidas e grooves e a presença esparsa de uma linha de guitarra muito próxima ao que se ouviria em algum disco do Radiohead. O tempo passou e Yorke decidiu que formaria uma banda para tocar ao vivo as músicas que havia escrito até então. O Atoms for Peace chegou a tocar em seus show a música Lotus Flower, que acabou sendo lançada no último disco do Radiohead, The King of Limbs, em 2011.
Este, porém, é o primeiro trabalho "coletivo" do grupo, com os músicos recriando as músicas eletrônicas que Yorke havia composto. O resultado é uma linha tênue entre a música física, concreta e tocada por instrumentos e a música eletrônica, computadorizada, programada. Aqui o espaço é bem limitado e cada instrumento sabe o que está fazendo, de maneira repetitiva, o que talvez decepcione o ouvido mais sedento por diversidade ou extrapolação de criatividade. É, de fato, uma espécie de som único, os vocais em falseto banhados em reverb passeando sobre sintetizadores e linhas de baixo cheias de grooves e precisão. As letras ininteligíveis de Yorke são um bônus à parte: os acostumados a esse fato já nem ligam tanto, apenas correm para ler o encarte do disco. Mas certamente as letras não são o centro das atenções nesse trabalho, as canções são um convite à abstração em suas atmosferas espaciais e, por vezes, bastante dançantes.
Thom Yorke está na altura de sua carreira em que não precisa dar satisfações sobre seus projetos e sabe que conta com uma base de fãs fidelíssima. Tão confiante é o cantor/compositor que se dá o luxo de lançar um clipe como esse (mesmos diretores de coreografia do clipe de Lotus Flower, por sinal). Eu, pessoalmente, aprecio imensamente o senso de Yorke de "dançar como se ninguém estivesse olhando", um fato considerável para uma figura tão popular e chamativa como ele.
As músicas que consigo destacar são, primeiramente, os dois singles, Default e Judge, Jury and Executioner. As belas melodias na primeira música remetem ao trabalho de Yorke no Radiohead e o ritmo hipnotizante da segunda proporciona aquela familiar sensação de claustrofobia que as canções solo de Yorke geralmente provocam. Ingenue, que teve seu clipe aqui supracitado, traz um riff de sintetizador repetitivo e viciante e é outra recomendação de minha parte.

Em suma, AMOK, parece ser um disco polarizador: ou se gosta ou não se suporta. Meu interesse pelo trabalho de Thom Yorke vem de longa data, já que sou fã de carteirinha do Radiohead e respeito enormemente todos os músicos do grupo, logo é um disco que "desceu fácil" para mim. Não sei se esse álbum trará muitos fãs novos, mas certamente agradou a fãs antigos e sua peculiaridade é uma grande adição aos discos lançados até agora este ano. Que tal experimentar esse experimentalismo?


Aquele abraço,
Fazendeiro submarino

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