segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Porcupine Tree - The Incident




















Título: The Incident
 Artista: Porcupine Tree
 Ano de lançamento: 2009
 País: Inglaterra
 Gênero: Rock Experimental/Rock Progresivo/Metal Progressivo
 Duração: 75:52


Tracklist:


CD1:

1. The Incident (55:11)
  I. Occam's Razor (1:56)
  II. The Blind House (5:47)
  III. Great Expectations (1:26)
  IV. Kneel And Disconnect (2:03)
  V. Drawing The Line (4:43)
  VI. The Incident (5:20)
  VII. Your Unpleasant Family (1:49)
  VIII. The Yellow Windows Of The Evening Train (2:00)
  IX. Time Flies (11:41)
  X. Degree Zero Of Liberty (1:45)
  XI. Octane Twisted (5:03)
  XII. The Seance (2:39)
  XIII. Circle Of Manias (2:18)
  XIV. I Drive The Hearse (6:44)


CD2:

1. Flicker (3:42)
2. Bonnie The Cat (5:45)
3. Black Dahlia (3:40)
4. Remember Me Lover (7:34)


Disco recém-saído do forno!
É com grande honra que lhes apresento The Incident, o mais novo trabalho da banda inglesa Porcupine Tree. Formada em fins dos anos 80 e começo dos 90, a banda começou como um projeto solo do músico, compositor, multi-instrumentalista e produtor Steven Wilson. Com o passar dos anos, os membros Colin Edwin (baixo), Richard Barbieri (teclados) e Chris Maitland (bateria e percussão) juntaram-se ao projeto e , a partir de 1995, as composições tidas como próprias da banda começaram a surgir com o álbum Signify.
Porém, em 2002, Maitland deixou a banda e a procura por um novo baterista trouxe ao Porcupine Tree Gavin Harrison. Relativamente desconhecido à época, Gavin provocou uma mudança drástica no estilo da banda, com seu modo extremamente eclético de tocar bateria.
Desde então, seguiram-se o álbuns da fase pesada do Porcupine Tree: In Absentia (2002), Deadwing (2005) e Fear of a Blank Planet (2007). Isso conferiu ao grupo uma base de fãs mais jovens, interessados na cena do metal.

É nesse contexto que The Incident é lançado. Ao ouvir o álbum, percebe-se a maestria da banda em sair de uma atmosfera extremamente pesada para algo melódico e limpo sem provocar uma mudança brusca. E o charme de The Incident está justamente aí: atmosferas diferentes conduzidas com muito cuidado e habilidade.
Vamos à análise:

O álbum segue em termos a linha estrutural do seu antecessor, Fear of a Blank Planet, que foi um álbum conceitual a respeito da juventude pós-moderna e os problemas que a tecnologia, a mídia, o sexo, os medicamentos e a educação deficiente provocam em suas mentes, alienando-os da verdadeira vida.
Aqui temos uma peça de 55 minutos dividida em 14 partes que retrata um acidente de carro presenciado na vida real pelo frontman Steven Wilson. O título do álbum se refere à placa que ilustrava a cena do acidente: INCIDENTE.
O objetivo desta enorme suíte de quase uma hora de duração é passar ao ouvinte diversos sentimentos e, devo dizer, aqui o objetivo foi cumprido: o que eu presenciei foi uma coleção de climas, desde os mais pesados e assustadores até os mais lindos e alegres, passando por atmosferas melancólicas e outras mais agitadas.
Pode-se dizer que o divisor de águas do primeiro CD é a música Time Flies, a maior do disco. Para os que ouvirem e gostam de Pink Floyd, perceberão surpresos a descarada homenagem ao período Animals - The Wall (Dogs, Sheep e Is There Anybody Out There são alguns exemplos do que eu ouvi ali no meio!). A partir daí o tema incial é retomado em Degree Zero of Liberty e, após mais riffs pesadíssimos e intrincados, o álbum termina com a bela e triste I Drive The Hearse.

O CD2 traz quatro músicas inéditas escritas pela banda e, para os acostumados com o som do PT, verão que ali há terreno para muita adoração.

Em The Incident, mais do que nunca, Gavin Harrison dá um show à parte e mostra porque foi considerado o melhor baterista de rock progressivo do ano. Seus ritmos inconstantes e precisos casam perfeitamente com o baixo de Colin Edwin, um músico a se respeitar. Quanto aos teclados, garanto que vocês não ouviram nada parecido com as atmosferas e as soundscapes criadas por Richard Barbieri. E Steven Wilson prova mais uma vez neste movimento audacioso que o Porcupine Tree é uma banda a se prestar atenção.

Meu veredito é o seguinte: aqueles que se interessam por uma música que mexa com todos os sentidos, os exigentes no quesito qualidade de áudio, os amantes de álbuns conceituais, os que apreciam a beleza seja na alegria, no terror ou na depressão, ouçam este álbum. Caso queriam, como background procurem ouvir o In Absentia e o Fear of a Blank Planet. Vocês não vão se arrepender. E eu garanto.

Aquele abraço,
Jules - fazendeiro submarino

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Radiohead - OK Computer

http://2.bp.blogspot.com/_h-GYLICBSp0/SOAc4oaBheI/AAAAAAAAAb0/puzs2ZiGW4k/s400/Radio_Head_-_Ok_Computer_-_front-734594.jpg











  Título: OK Computer
  Artista: Radiohead
  Ano de lançamento: 1997
  País: Inglaterra
  Gênero: Space Rock/Alternativo/Indefinível
  Duração: 53:27


 Tracklist:

1. Airbag (4:44)
2. Paranoid Android (6:23)
3. Subterranean Homesick Alien (4:27)
4. Exit Music (For a Film) (4:24)
5. Let Down (4:59)
6. Karma Police (4:21)
7. Fitter Happier (1:57)
8. Electioneering (3:50)
9. Climbing Up The Walls (4:45)
10. No Surprises (3:48)
11. Lucky (4:19)
12. The Tourist (5:24)



O Radiohead é uma daquelas bandas que suscita polêmica. Sua sonoridade, seus métodos não-convencionais de divulgar música e sua relação com a mídia são alvo de discussões ardentes entre fãs obcecados pela banda e pessoas que consideram sua música como "música para cortar os pulsos".
Tentarei deixar de lado essa discussão infindável e focar no álbum em questão e porque vocês devem escutá-lo.

1997: o fim do século XX se aproxima. Século que, desnecessário dizer, guardou uma quantidade fenomenal de eventos históricos, suas evoluções e involuções. A revolução tecnológica se encontrava a todo vapor, e um medo começava a assombrar a humanidade: o Bug do milênio. A partir do momento em que entrássemos no ano 2000, as máquinas entrariam em colapso, comprometendo nossa vida moderna e deixando o mundo em caos e escuridão.

É nesse cenário que o Radiohead elabora seu mais bem-sucedido álbum, OK Computer, em uma mansão de antiga arquitetura que antes pertencera à atriz Jane Seymour, na região de Bath.
Embora negado pela banda, o disco é tido por muitos como uma obra conceitual. Se me permitem uma comparação arriscada de cunho pessoal, em se tratando dos temas, OK Computer seria uma espécie de The Dark Side Of The Moon do fim do século XX. Digo isso porque os temas aqui abordados possuem certa semelhança com a delicadeza humana de Dark Side: paranóia, medo da morte, insanidade, guerra, existencialismo, transportes, objeção política, capitalismo, etc. Só que a mentalidade mudou, assim como o cenário e as condições: um mundo dominado por computadores e tecnologias que nos deixam escravos e podem muito bem arrasar nações inteiras. É perceptível a noção da fragilidade da vida perante um acidente de carro ("...an airbag saved my life" - Airbag), o sentimento de paranóia e a afirmação da humanidade em oposição ao mecanicismo ("I may be paranoid, but I am not an android" - Paranoid Android), o desejo de uma possível abdução para que pudéssemos ver as estrelas e o Universo, a Terra sob uma perspectiva exterior ("They'd show me the stars and the meaning of life..." - Subterranean Homesick Alien), assim como a capacidade de se reeguer perante decepções contínuas no dia-a-dia, o desejo de liberdade (Let Down), a receita da vida feliz (Fitter Happier), o desespero e a última solução no suicídio (No Surprises), o lado escuro do ser humano na horripilante Climbing Up The Walls, uma pitada de otimismo ("It's gonna be a glorious day, I feel my luck could change" - Lucky) e, por fim, uma crítica mordaz ao senso excessivo de velocidade da modernidade sobre turistas em Paris que não paravam um segundo em cada lugar que visitavam ("Idiot, slow down, slow down" - The Tourist).

O modo como Thom Yorke conduz as letras mostra que há algo especial para ser ouvido aqui, não menosprezem as palavras. O sentimento de sufoco e desesperança mesclado com a persistência inerentes ao ser humano moderno são claramente ouvidos nessa obra. Além disso, as atmosferas musicais e o instrumental são um show à parte. Influências musicais citadas por membros da banda variam de Miles Davis a Beatles, Queen e Pixies. Um jornal britânico, na época do lançamento de OK Computer, chamou o Radiohead de Punk Floyd, devido à sua psicodelia pesada e às vezes brutal. Vejam que há sim a abordagem do suicídio, assim como atmosferas quase que líquidas e vocais inspirados e emocionados, talvez daí venha a concepção de uma banda depressiva.

O que não se pode negar é que este álbum mudou definitivamente a indústria da música e como se pensa o rock moderno. Foi um pulo magistral do último trabalho da banda, The Bends, e apenas um passo na longa escala evolutiva do Radiohead, que viria a produzir mais tarde o estranhíssimo e obscuro Kid A. Mas isso será tratado em posts futuros, eu garanto ;)

Meu conselho final: baixem, comprem ou peguem emprestado este álbum. Não garanto que à primeira escutada as músicas serão digeridas, mas eu tenho certeza de que será uma experiência para não se esquecer tão cedo.


Aquele abraço,
Jules - fazendeiro submarino

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

John Coltrane - A Love Supreme

 http://wtjujazz.files.wordpress.com/2008/12/musiccatalog_j_john-coltrane-a-love-supreme-deluxe-edition_john-coltrane-a-love-supreme-deluxe-edition.jpg

     Título: A Love Supreme
     Artista: John Coltrane
     Ano de lançamento: 1965
     País: EUA
     Gênero: Jazz
     Duração: 33:02

Para iniciar, trago A Love Supreme, este que é considerado por muitos a obra-prima deste grande músico.

John William Coltrane nasceu em 23 de setembro de 1926 na Carolina do Norte, Estados Unidos. Faleceu precocemente em 1967, aos 40 anos. Conhecido como um multi-instrumentista, seu trabalho girou em torno do Sax Tenor, assim como o Alto e o Soprano.
O álbum em questão é uma ode à fé de Coltrane e seu amor por Deus (não necessariamente o Deus cristão, segundo Coltrane ele acreditava em todas as religiões). O contexto em que o álbum foi gravado é de extrema importância para entender a filosofia por trás da música: recentemente expulso da banda de Miles Davis devido a seu uso abusivo de heroína, Coltrane chegou a um ponto onde, ou ele entraria em ostracismo e atingiria o fundo do poço, ou faria algo para se revitalizar. E a segunda opção foi escolhida.

O álbum é uma suite de 4 partes:
  1. Parte 1: "Acknowledgement" – 7:47
  2. Parte 2: "Resolution" – 7:22
  3. Parte 3: "Pursuance"/Part 4: "Psalm" - 17:53

Na primeira parte, o elemento místico e espiritualista da música torna-se evidente. A peça começa com o soar de um gongo e, ao fim da primeira parte, Coltrane entoa o mantra "A Love Supreme" repetidas vezes, sua voz acompanhada de sua própria voz em overdubs.
Resolution abre com um breve solo de contrabaixo e o Sax passeia em escalas hipnóticas.
Pursuance nos mostra um maravilhoso solo de bateria seguido de uma das mais fantásticas frases do Jazz da história (na minha humilde opinião) conduzida majestosamente por Coltrane. Logo após somos contemplados por um incrível solo de piano de McCoy Tyner. O motivo segue, segue, e os dezoito minutos se passam em questão de segundos.

O estilo de Jazz adotado é o Modal Jazz, que data desde o final dos anos 50. A grande sacada aí é que o pianista toca uma sequência de acordes (dissonantes) sobre os quais o Sax sola, dando uma grande liberdade à composição de solos marcantes e motivos que, bem, há 40 anos ainda são hipnóticos hoje em dia. As quatro notas que se repetem aqui e ali no álbum simplesmente não saem da minha cabeça e, assim que as ouço, consigo ouvir em minha cabeça: A Love Supreme, A Love Supreme...

Em resumo, a todos aqueles que se interessam por Jazz e querem conhecer seus expoentes, meu urgente conselho que ouçam esta obra-prima, pois ao lado de Kind of Blue de Miles Davis, este álbum tem lugar definitivo na minha lista de melhor disco de Jazz da história.


Aquele abraço,
Jules - fazendeiro submarino

Inauguração/Explicação

Olá a todos(as)!

Sejam bem-vindos ao meu humilde blog, sintam-se em casa!
Bem, em uma rápida explicação, o objetivo desta página é compartilhar minhas resenhas de diversos discos de música, filmes, eventos, etc (com ênfase maior aos discos)
Espero passar minhas impressões imparciais sobre a qualidade artística do material aqui apresentado, mas é claro que não garanto que não haverá um grande propagandismo de minha parte dos artistas que mais admiro!
A música existe praticamente desde que o homem existe, então não há por que negar essa relação intrínseca que nós temos. Ouçam, compartilhem, empolguem-se, emocionem-se, criem, efim! Que os conselhos que eu der aqui possam ao menos introduzi-los no fantástico mundo dos melhores artistas que o mundo produziu e ainda produz.

Aquele abraço,
Jules - fazendeiro submarino